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AI para todos

Conversando com os botões da minha inteligência Humana (IH) e lembrando do tempo em que a IA era movida a carvão.

Divino Leitão

12/18/202410 min read

Lá nos idos dos anos 80, digitei um programa em BASIC, chamado "Manimals" (se não me falha a porca memória) , ele veio publicado na revista Micro Sistemas e não lembro também qual edição, se você sabe, faça a gentileza de publicar nos comentários.

Acredito que foi um de meus primeiros contatos com a chamada IA ou AI - dependendo de seu idioma - vou ficar com a sigla AI, para manter uma coerência com o idioma onde estas coisas nasceram.

O programa era fácil de entender e sua lógica criava um banco de dados a partir de dados que o próprio usuário ia digitando e rapidamente era capaz de "adivinhar" em qual animal o usuário estava pensando e pode ser uma descrição bem simples de como funcionam as IA, que basicamente são bancos de dados muito grandes, capazes de simular uma série de habilidades de aprendizado e que atualmente (estou escrevendo isso no finalzinho do ano de 2024) chegou a um nível tão surpreendente que parei de me surpreender com os avanços diários, que não se parecem em nada com a previsão negativa de futuro criada pelo diretor James Cameron, quando escreveu o roteiro do seu clássico "Exterminador do Futuro" sobre um Androide, criado por uma IA muito do mal, chamada no filme de Skynet, e que volta ao passado para exterminar um inimigo, antes mesmo que ele seja concebido.

Esta visão apocalíptica de criações que se rebelam contra os humanos não é novidade, esteve presente em outros clássicos do passado, em obras clássicas como "O monstro de Frankenstein" e não, o monstro não tinha esse nome, Frankenstein era o cientista que o criou e sim, não era exatamente uma IA, mas uma experiência que tentava reproduzir a vida a partir de partes de cadáveres, mas o princípio é bastante similar.

Existe até mesmo um termo: "Síndrome de Frankenstein" que se refere a máquinas que se rebelam contra seu criador.

Particularmente, penso que nesta história, criada por Mary Shelley e considerada a "mãe da ficção científica" o verdadeiro monstro é o ser humano, com sua mania de atacar e destruir qualquer coisa que não compreenda, portanto, quem tem medo da AI, aconselho primeiro a se olhar no espelho, pois a fonte do mal costuma estar dentro da gente.

Esta introdução teve como objetivo demonstrar que AI não é nenhuma novidade, porém atualmente está se tornando o centro das atenções no mundo da tecnologia, derrubando um velho paradigma que definia que computadores não tinham como demonstrar emoções e, na verdade, não tem mesmo, mas sabem reproduzir muito bem as nossas emoções e agora podem compor músicas, criar arte em diversos níveis e até mesmo escrever melhor que a grande maioria de nós, muito embora a raiz de tudo esteja na genialidade humana, capaz de reproduzir tão bem habilidades que antes pensávamos que jamais poderiam ser reproduzidas.

Ledo engano, basta observar o que as diversas modalidades de AI estão conseguindo fazer para que o queixo caia - estrondosamente - até o chão e pior... está cada vez mais difícil distinguir o que é criação de AI e o que é criação humana, quebrando a barreira do já arcaico e inútil teste de Turing, criado em 1950 e destinado a permitir que se reconhecesse um robô ou inteligencia artificial em um diálogo, atualmente ele não vale muito, embora ainda seja usado, mas sem resultados confiáveis, mesmo porque uma AI faria este teste com muito mais facilidade, ou seja, uma AI pode reconhecer outra, mas um humano já não é capaz de distinguir o que foi produzido por chips   ou por outro humano e já vai longe às imagens com sinais evidentes de AI, como mãos com 6 ou mais dedos e outras aberrações.

Eu jogava basquete e sempre dizia para mim mesmo que a tecnologia não era capaz de reproduzir a capacidade humana de avaliar a distância até uma cesta e fazer um arremesso perfeito da bola até a cesta, de qualquer ponto de uma quadra, mas já vi isso acontecer faz algum tempo, portanto é hora de entender que os limites para esta tecnologia já estão além de nossa própria compreensão.

O maior pavor da maioria das pessoas parece ser "perder o emprego" ou que possamos perder nossas capacidades naturais, mas nada disso é real, embora a curto prazo possa parecer que é o que vai acontecer, mas a história comprova que novas tecnologias geram oportunidades e nos livram de tarefas desagradáveis ou perigosas, abrindo espaço para novas profissões ou habilidades.

Vou citar como exemplo o "catador de cana" um profissional muito utilizado no passado e que praticamente está extinto nos lugares em que a lavoura foi substituída por máquinas. Esta "profissão" sempre foi muito degradante, perigosa e reduzia evidentemente o tempo de vida das pessoas, que eram expostas a sol e chuva e diversas utras condições humilhantes, sem contar a baixíssima remuneração e nenhuma garantia trabalhista, sendo que só perdia mesmo para a escravidão que muitas vezes também fazia parte do processo.

Para citar um exemplo mais tecnológico, em passado bastante remoto havia pessoas que escreviam a mão, os livros e outros textos e com a invenção da prensa móvel, por Gutemberg, por volta de 1439 esta profissão praticamente foi extinta mas surgiu outra, justo a dos linotipistas, que preparavam as prensas para a impressão de livros e jornais.

Tive uma curiosa interação com esse grupo de profissionais, justo quando eles mesmos se tornavam dispensáveis, com o surgimento dos programas de DeskTop Publishing (DTP) no final dos anos 80. Tais programas permitiam eliminar o intermediário, pois um repórter podia escrever diretamente na tela do computador e já ir para a impressão, assim como qualquer um pode escrever um livro atualmente, usando um programa editor de textos.  

Na verdade, com uso de AI, já se está até dispensando até mesmo o autor, mas isso não vai acontecer, por melhor que sejam os textos da AI, ainda dependem de uma pessoa para dizer do que devem tratar, mas a linha que separa a porcaria da criação verdadeira está cada vez mais tênue, não duvido que uma AI possa escrever um romance ao estilo de Shakespeare com aparente maior qualidade, a partir de um prompt, talvez criado com outra AI.

Nesta época que estive próximo aos linotipistas, alguns já queriam ser chamados de "designer de textos" e até afirmavam que sem eles, os autores dos textos seriam "menores" e realmente entendi que alguns empregos merecem quem está neles, pela mediocridade que alguns demonstravam, sem querer generalizar, mas é fato que primeiro os escritores conforme vimos no romance "O nome da rosa" se extinguiram e posteriormente a nova profissão de linotipista, criada pela invenção de Gutemberg, também se extinguiu, mas com certeza os bons linotipistas se tornaram repórteres ou escritores, ou sei lá... oportunidade para fazer outra coisa nunca faltou.

Claro que ainda deve ter alguém escrevendo a mão, assim como em algum porão escuro um insistente e renitente linotipista ainda deve usar seu material antigo e talvez imprimir um jornal feito do jeito "raiz". Não falta quem insista em viver no passado e se estão felizes, com certeza não incomodam ninguém, pelo contrário.

O que ocorre é que a tenologia traz avanços para nossa qualidade de vida e por mais que se encontre questionamentos sobre seus benefícios é inegável que os avanços nos fazem muito bem e qualquer mal que se possa encontrar deriva mais da nossa capacidade de errar do que qualquer outra coisa, o ser humano pode ser incrivelmente inovador, mas pode ser também incrivelmente estúpido, sendo - evidentemente - essa última característica a mais prolífera.

A prensa de Gutemberg foi um avanço notável para a tecnologia, equivale ao surgimento da Internet e as AI são a "bola da vez" estão causando uma revolução na forma como entendemos a vida e como está progredindo muito rapidamente, há muita gente reclamando, especialmente pessoas que se destacaram do lugar-comum por suas capacidades de serem melhores em algo, na qual estão sendo largamente superadas por pessoas "comuns" que já aprenderam a usar AI.

Alguns afirmam que não haveria um novo gênio equiparado a Leonardo Da Vinci, pois com as facilidades da AI o cérebro das pessoas, assim como suas habilidades, se atrofiaria, mas penso diferente, por duas razões básicas:

  1. Nunca surgiu de fato alguém equiparado ao velho Leo;

  2. Pense no Leo, com AI a sua disposição... teria provavelmente feito muito mais ou talvez tivesse uma AI a sua disposição e nunca nos contou. 

Com certeza a tecnologia aguça mais nossa lerdeza mental do que estimula, mas isso sempre foi opcional e acredito nas pessoas mais capazes e que elas serão ainda mais capazes com AI do que se forem privados dela, a contrapartida será que os menos capazes talvez não sejam tão medíocres, pois sempre poderão melhorar. Então ganham todos, exceto quem não tentar.

Vamos ter que repensar nossa forma de viver, entender que teremos que renunciar a coisas mesquinhas que a humanidade inventou para proteger interesses de quem deseja o poder sobre os demais e uma área onde a AI ainda não entrou como deveria, pode justamente ser essa... a do poder, especialmente dos políticos. 

Um dos flagelos do cidadão brasileiro tem sido os juízes que desejam governar ao invés de simplesmente fazer o que a profissão define, que é fazer as leis serem cumpridas, vamos pensar - apenas pensar - que qualquer AI, das mais simples, tem muito mais discernimento e principalmente isenção para julgar questões jurídicas, com muito mais precisão e habilidade que um ser humano, afinal leis são critérios pre-definidos e que precisam de interpretação adequada, alguém tem dúvidas de que seria algo perfeito para uma atividade de AI?

Não apenas juízes, mas também advogados. No escritório de um advogado li uma vez um texto que nem me lembro corretamente e era atribuído a Verissimo: "Quando não for capaz de resolver uma disputa de forma amigável e de forma civilizada, então procure um advogado." A placa estava no banheiro de seu escritório e nunca esqueci aquilo e do que representava, não era algo contra advogados, mas contra nossa beligerância e incapacidade de resolver problemas sem envolver terceiros.

Mas juízes e advogados não são os únicos que poderiam ser substituídos por AI bem construídas, pense no cargo de presidente de um pais, dá para pensar em uma profissão mais inútil e mais perigosa? Se for um bom presidente, que pense em seu povo e busque ações para melhorar a vida de todos, vai encontrar muita resistência, justamente de quem não quer isso e nem vou citar, mas já tivemos mais que um exemplo, tanto na presidência quanto na época em que o Brasil era um reino, ou melhor dizendo, vice-reino.

Claro que é interessante pensar em uma pessoa, para representar um país, como a saudosa rainha da inglaterra por exemplo, que nos deixou recentemente orfãos de sua presença ilustre, embora tenha deixado em seu lugar um ilustre idiota, mas ainda assim incapaz de tentar fazer o que os idiotas costumam fazer, tal como declarar guerra a outro pais, algo que jamais poderia ser deixado para uma única pessoa decidir, mesmo que não seja um idiota, algumas ações precisam de uma aprovação real de um povo, então mesmo que uma AI pudesse assumir a presidência de um pais não poderia tomar tais decisões, no máximo poderia sugerir e expor seus motivos, cabendo a decisão final a um plebiscito, onde todos pudessem decicir em conjunto, afinal os resultados vão afetar a todos.

Mas decisões mais simples, como atacar a inflação ou reduzir gastos uma AI daria conta sem necessidade de tantos ministros e seus séquitos de imbecis, que são absolutamente inúteis e custam muito dinheiro, sem contar que não resolvem nada.

Se alguém está acompanhando a evolução dos serviços públicos no Brasil vai perceber que faz algum tempo que eles melhoraram  e não é por conta dos tais funcionários públicos, pessoas normalmente inúteis, corruptas ou ambos, que só fazem atrapalhar, mesmo porque muitos dos serviços governamentais podem ser resolvidos por meros programas que nem dependem de AI, mas seriam ainda melhores se tivessem esse recurso. 

O ser humano é a peça que atravanca a maioria das prestações de serviço, especialmente os burocráticos, se a AI pode conduzir uma intervenção cirurgica com mais habilidade que um médico humano, imagine o que poderia fazer na prestação de serviços burocráticos, que na maior parte dos casos depende de apenas eficiencia e não capacidade de discernimento, que dependem apenas de cumprir leis e regras.

Ah Divino... mas a AI pode errar! 

Sim, a AI erra também e no momento, devido a falta de maior caoacidade de aprendizado erra muito. Porem ainda assim o ser humano erra ainda mais e não aprende com seus erros, ou pior... erra propositadamente.

Claro que não estou falando de votar em uma AI em 2026, mas considerar que um presidente deveria ter acesso a opções antes de sair dizendo besteira é algo muito desejado e não compreendo como a AI ainda não foi considerada em uma área tão importante quanto a política, ainda que seja como ferramenta para os atuais representantes, porém com suas sugestões sendo feitas de forma pública e transparente, deixando clara a opção do político humano nestas questões.

Na verdade é evidente que isso vai ocorrer de uma forma ou de outra em algum tempo e aquele medo terrível que temos de ser governados por inteligencias não humanas vai se sobrepor a qualquer razão, mas o que irá definir se vale a pena ou não é a nossa qualidade de vida melhorar, a pobreza ser erradicada de fato e não nas palavras de politicos mentirosos e principalmente podermos compartilhar mais do que "puxar nosso pirão".

AI não é apenas uma tecnologia, ela se baseia em aorendizado das nossas melhores práticas, portanto representam o que o ser humano tem de melhor e ao serem admitidas como ferramentas úteis, vão apenas ampliar nossas capacidades de fazer ainda mais do que conseguimos.

Minha opinião não é apenas baseada no "modismo" ou observação da atualidade, faz muitos anos que venho pensando nestas tecnologias, desde o surgimento das que pude acompanhar em meu crescimento como ser humano, passando inicialmente por muitos livros, depois computadores, pela Internet e percebendo que precisamos evoluir também em nossos comportamentos, pois se existem falhas elas são exatamente o nosso pior lado, algo inerente a qualquer ser humano, porém que deveríamos manter sob o mais restrito controle e nem todos conseguem.

A inteligencia humana é nosso maior dom, ao mesmo tempo que a falta dela pode nos fazer retornar aos instintos básicos, que nos colocaria de volta as cavernas ou pior... nem as cavernas existiriam mais, apenas o frio e a solidão do espaço sideral, para o qual nenhum de nós está preparado.